A obrigatoriedade de ir ao supermercado gera muitos dissabores, dentre os quais, podemos relacionar o gasto excessivo quando se extrapola a famosa listinha que cada um carrega, o chegar em casa e ter que colocar tudo em seu lugar, ver que algum produto fora registrado ao invés de outro e por aí vai… Na tentativa de amenizar essa chateação, aproveito para entabular conversa com alguém conhecido que, nesse momento, está no mesmo mister. Quando não converso, forçosamente, ouço as conversas dos que estão a meu redor. Certa vez, um tête-à-tête chamou muito minha atenção. Encontrei Alzira, uma colega de trabalho selecionando frutas e ensacando-as; a seu lado, um cidadão que aparentava estar muito intranquilo. Cumprimentei minha amiga e também pus-me a escolher frutas. O que antes parecia ser um segredo, deixou de sê-lo, visto que a trama se adensava. O cidadão deixou de cochichar e passou a disparar seu vernáculo para encher de lamúrias sua ouvinte. Acredito que eu prestava mais atenção a ele do que ela. Compartilho, agora, com você, leitor, o que me vem à memória. Pois bem, o dito cidadão se encontrava em vias de perder a mulher amada e quase que, forçosamente, pedia para minha colega de trabalho intervir a seu favor. Dizia ser um bom companheiro, alegava não faltar nada em casa e até ajudava com os afazeres domésticos, que, de agora em diante a promessa era de o convívio melhorar se é que, segundo ele, já estava bom ou ótimo, depois dos entreveros acontecidos. Minha curiosidade só aumentava. Tentei juntar as peças: o cidadão era bom, mantinha o lar, era convincente, sabia conversar. Fiquei mais intrigada ainda. O que realmente faltava ao casal para que esse imbróglio fosse resolvido? O desesperado homem não deixou verter lágrimas por se encontrar próximo a uma desconhecida. No caso, eu, que de tão embevecida pela história fiquei a demorar muito tempo selecionando frutas que não eram tantas. Alzira não lhe dera nenhuma esperança. Quando ela deduziu que ele não a deixaria em paz enquanto não ouvisse que faria sua defesa junto à mulher que ele queria reconquistar, falou:
– Tá bom, tá bom. Vou ver o que que eu posso fazer, mas aconselho a você que não insista tanto. Você, talvez não consiga voltar para casa.
– Como?! Ela tem alguém? Você sabe de alguma coisa e não quer me contar?
Alzira soltou a bomba e saiu.
Um homem alquebrado, confuso e desnorteado desistiu de fazer compras, abandonando o que já tinha selecionado. Precisava sair dali, urgentemente.
Eu tratei de finalizar minha lista de produtos, mas o fim desse imbróglio eu tinha que saber.
Tão logo encontrei Alzira, atirei-lhe a pergunta:
– O homem daquela compra lá, que fim levou?
– Mulher, a esposa dele não o quer mais, nem pintado de ouro.
– Mas por quê? Ele parece ser tão bom…
– O que ela alegou para mim é que não dá conta. Ele quer toda hora…
– Ah, meu Deus!!!
Realmente, não dá para entender mesmo a humanidade. Enquanto uns reclamam e até inventam desculpa para não satisfazer a si e ao parceiro; outras vivem fugindo do excesso.
Vá entender…
COMPRAS E CONVERSAS
- Por Grande Piripiri
- Em (A) LETRADO (A), Literatura
- 31 de janeiro de 2025
POR RITA ESCÓRCIO

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COMPRAS E CONVERSAS
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